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quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Cena Alê e Lupe - história do pé


CENA A PARTIR DA EXPERIMENTAÇÃO: QUANDO OLHO O MEU CORPO, É COMO SE EU ESTIVESSE LENDO MINHA HISTÓRIA
LUPE E ALÊ                                                                                                                                                          30/OUT/12

(Começa música ‘Un rayo de sol entró por la ventana’ enquanto Alê caminha pra trás de costas, deslizando os pés, suavemente, deixando a planta do pé bem exposta. Depois de dar quatro passos, o texto começa a ser lido por outra pessoa)

Olha você, eu sempre tive vontade de tirar você do chão. (Alê vai se abaixando lentamente até se sentar, com as pernas esticadas e olhando fixamente para os pés) Ai... sonhava tanto com isso. Você já tinha corrido o universo inteiro do quintal, doido de vontade de botar seu peso em terra nova.

Olha você, tortinho igual à vovó. (entorta dedos do pé) Desculpa? (se dobra para aproximar o rosto dos pés, depois volta a ficar ereta, ainda sentada. Deita-se, com a cabeça voltada para a plateia e os pés na direção oposta, começa a trazer o pé direito em direção à cabeça, deslizando no chão formando um arco) Acabou que a gente viajou tanto, né? Terra quente de Goiás, Tau-ba-té, Giparaná, Rondônia, Viena!! A calle Maipú, a calle de Atocha! Você sustentando meu corpo e eu pfffffffff (barulho de vento, enquanto o pé direito sobe num arco em direção ao lado esquerdo, Alê ainda deitada. O pé esquerdo agora vem deslizando no chão até a cabeça, como estava o direito).

Olha você! Um povo inteiro na tua planta! Cada pedra em que pisou respondeu com uma linha, uma linha nova de história acontecida! Ah... como é que um dia eu vou reclamar do seu cansaço se essa tua casca só me faz lembrar do tanto que já voei... (durante essa última frase, o pé esquerdo se eleva sobre o corpo e junto com o direito são jogados pra trás, como quando saímos da posição da vela. Os pés balançam verticalmente num movimento suave, como asas)

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